Sankofa Danzafro
A Corporação Cultural Afro-Colombiana Sankofa Danzafro foi fundada em 1997 por Rafael Palacios e hoje é composta por uma dúzia de dançarinos. Está sediada na cidade de Medellín, na Colômbia, e sua trajetória cênica inclui países da América Latina e Caribe, América do Norte, Europa, África e China.
Sankofa Danzafro é um espaço dedicado à formação e criação em dança afro-colombiana contemporânea. Mediante vários projetos de pedagogia social através da dança, em comunidades rurais e urbanas, Sankofa Danzafro busca contribuir para a formação intercultural entre comunidades negras na Colômbia e outras populações cujos direitos humanos são violados.
Sankofa Danzafro é uma palavra Akan Twi (de Gana) que significa “retornar à raiz” e aponta para uma filosofia africana que propõe conhecer o passado como condição para compreender o presente e poder dimensionar o futuro. Nesse sentido, Sankofa Danzafro também explora as danças tradicionais afro-colombianas para identificar como elas fazem parte do cotidiano das comunidades afro-rurais e urbanas.
A obra de Sankofa Danzafro é considerada antirracista porque busca desmantelar as heranças da colonialidade e os estereótipos sobre as pessoas negras que obscurecem sua heterogeneidade, ao mesmo tempo em que afirma o valor das resistências que se expressas corporalmente nas danças que se baseiam na memória coletiva.
Dois resultados das colaborações entre Sankofa Danzafro e o Projeto CARLA, que incluem o acompanhamento da conceitualização e criação de obras e o trabalho com as comunidades, são exibidos nesta exposição: o documentário Detrás do Sul, danças para Manuel: práticas artísticas e anti- racismo; e o documentário Amostra Final 2020: laboratórios de criação em casa.
O vídeo documentário registra a residência artística de Sankofa Danzafro durante 21 dias no município de Tumaco, na região do Pacífico colombiano, que resultou na criação da obra “Atrás do Sul; Danças para Manuel”.
Esta obra é uma montagem dramatúrgica repleta de significados em torno do romance Changó, el gran putas, do mestre Manuel Zapata Olivella. Sem uma narrativa linear, a obra conta a gênese da diáspora afro na América, a partir da perspectiva afro-colombiana, destacando as lutas que os afros travam contra o racismo estrutural e a desigualdade.
No vídeo, o diretor e os bailarinos explicam como sua proposta artística é enunciada a partir de uma perspectiva antirracista. Entre os motivos citados estão: a) o uso de referências literárias afro-colombianas, especialmente a obra Changó, el gran putas; b) a valorização das espiritualidades afro como o Muntu (definido por Zapata como "a força que une o homem com sua ascendência e descendência imersa no universo presente, passado e futuro"); e c) o uso de sonoridades e estéticas típicas dos territórios das comunidades afro-colombianas.
Este documentário destaca o papel das emoções nos processos criativos e no desenvolvimento de uma narrativa antirracista através da dança e sua interpretação.
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O medo do contágio, a ansiedade e a necessidade urgente de sair para dançar e conviver nas ruas do bairro são algumas das emoções relatadas por crianças, adolescentes e jovens durante a realização deste documentário. De acordo com estimativas feitas por diferentes ONGs e censos oficiais da cidade, mais de 236.000 afro-colombianos vivem em Medellín, 12% da população total.
Vivem em comunidades e periferias de classes trabalhadoras. Nessas comunidades urbanas, a dança é parte integrante da vida cotidiana e dos processos de afirmação étnico-identitária. As condições de exclusão e as diversas formas cotidianas de racismo são relatadas em Medellín fazem com que crianças, adolescentes e jovens vejam na dança da comunidade uma forma de refletir sobre quem são e sobre o seu valor social.
As oficinas de criação em casa tiveram como objetivo reforçar esses processos comunitários. Os artistas-formadores da Sankofa Danzafro contribuíram para os processos de reflexão e afirmação de identidades étnicas e sociais. Eles também forneceram ferramentas e conhecimentos sobre técnicas de dança, aquecimento e preparação de uma aula e exploração criativa para realização coreográfica.
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