Liliana Angulo Cortés

Astrid Liliana Angulo Cortés (1974) é artista visual de Bogotá com especialização em escultura pela Universidade Nacional da Colômbia e mestrado em Artes pela Universidade de Illinois, Chicago. Desde sua produção artística explora formas de representação da mulher negra na cultura contemporânea a partir de visões de gênero, raça e identidade. Seu trabalho abrange mídias como escultura, fotografia, vídeo, intervenções coletivas, instalação e performance.

Tem trabalhado como pesquisadora, educadora, gestora, curadora e integra diversos coletivos para contribuir com as lutas do povo afro-colombiano. Em seus projetos, ela tem rastreado arquivos sobre resistências, reparação, ações antirracistas e a presença da população afro na Colômbia a fim de analisar as relações de poder em torno da imagem, território, raça e corpo da mulher negra.

Este ensaio visual mostra momentos da vida e obra do mestre Rodrigo Barrientos (1931-2003), pintor e gravador afro-colombiano de Antioquia, contemporâneo de outras figuras conhecidas do período do modernismo en Colômbia (1920-1940), como Fernando Botero, Omar Rayo e Jorge Cárdenas.

Durante a curadoria antirracista realizada por Liliana Angulo no Museo de Antioquia, a artista se deparou com a pintura Família Negra, que possuía um notável manejo da cor, esteticismo nas figuras e traços humanos, e influência impressionista que dava conta de um deliberado da técnica, afastando-se das representações exóticas do negro na Colômbia. A obra, no entanto, continuava classificada como “desconhecida”.

Após uma revisão crítica das práticas de poder associadas aos arquivos, coleções e repositórios de memória, bem como o questionamento do Museu como espaço de poder que torna visível/invisível, preserva ou esquece, etc., verificou-se que a pintura pertencia a um Artista afro-antioquiano, o mestre Rodrigo Barrientos.

O trabalho de Liliana Angulo busca: a) divulgar a obra do mestre Rodrigo Barrientos; e b) elaborar uma retrospectiva da trajetória de vida do mestre Barrientos a partir de diferentes registros e arquivos (documentos de viagem, retratos de outros pintores a que se refere Barrientos, registros de imigração, etc.), para reconstruir sua trajetória de vida e mostrar como esta se cruza com os efeitos do pensamento racial da época e os mecanismos de racialização e suas consequências obliterantes das obras e vidas afro na arte na Colômbia.

Desta maneira, este ensaio visual revisa e reconstrói a mobilidade do pintor afro-colombiano para rever os efeitos da racialização na circulação e reconhecimento de sua vida e obra.